写真撮影で, por Kosuke Arakawa
“Mesmo tendo nascido em Quioto, no Japão, com família japonesa, olho o meu passado e sinto que sempre cruzei os desvios na minha vida. Nunca quis ser um japonês estereotipado, nunca me senti assim. Mas fato é que gosto muito de fotografar e eu percebia em mim um olhar que não era igual aqueles que por vezes eu convivia.
Lembro da minha infância no Japão, quando eu ia e voltava da escola, dos grupos de crianças que moravam perto e que andavam juntos este trajeto. Elas voltavam para suas casas, e eu nunca me acostumei a chegar no tempo, a seguir uma carreirinha. Não gostava de andar pelo mesmo caminho, andava nas ruas pequenas, olhava através das casas, encontrava buracos, insetos e animais.
Morei durante a minha infância nos Estados Unidos, e por causa dessa influência externa, sempre quis sair do Japão e conhecer o mundo. Escolhi fazer faculdade de Letras – Espanhol em Barcelona e, paralelamente, estudei português mantendo um sonho de um dia morar no Brasil. Tudo começou com a prática da capoeira que eu comecei no Japão há 10 anos, e ainda continuo praticando.
Em 2008, no ano centenário de imigração nipo-brasileira, conheci um galerista de São Paulo e alguns artistas e fotógrafos brasileiros. Isso me fez pensar em mudar a minha vida e buscar desafios em um outro lugar. Desde então moro no Brasil.
Sou aluno da Pós-graduação em Fotografia na FAAP, e como eu tenho dificuldade de ler em português, comecei a comprar os livros indicados em aula, traduzidos para japonês.”
Sumário
Pág.39: Estados Unidos, visto em fotos, de um ângulo sombrio. “Personagem esnobe, chato é uma pessoa que pensa em honra e proveito, privado do coração”
Pág.89: Olhar de maneira surrealista – olhar a realidade como se fosse uma forma de obra.
Pág.90-91: Walter Benjamin era um apaixonado, colecionador de citações. Fotógrafo-Colecionador. “Pois Benjamin tinha a convicção de que a própria realidade solicitava – e justificava – os ofícios outrora negligentes e inevitavelmente destrutivos do colecionador”. Colecionador: se transforma em alguém engajado num consciencioso trabalho de salvamento.
Pág.93: Um olhar [鋭敏な] que escolhe a melhor coisa dentro do lixo.
Pág.94: Pois as próprias fotos satisfazem muitos critérios exigidos para a aprovação surrealista, por serem objetos ubíquos, baratos, pouco atraentes.
Pág.94:E estende essa beleza para além das ruínas românicas.
Pág.85: A fotografia é o inventário da mortalidade.
Pág.91: “Desde o início, os fotógrafos não só se atribuíram a tarefa de registrar um mundo em via de desaparecer como foram empregados com esse fim por aqueles mesmos que apressavam o desaparecimento.”
Pág.94: …provavelmente têm um aspecto melhor como ruínas.
Pág.94: …estende a descoberta da beleza das ruínas feita pelos literatos do século XIX em um gosto genuinamente popular.
Pág.95: “A contingência das fotos confirma que tudo é perecível, a arbitrariedade da evidência fotográfica indica que a realidade é fundamentalmente inclassificável.”
Pág.91: …as fotos, mais do que o mundo, tornaram-se o padrão do belo.
Pág.127: …fotos não explicam; constatam.
Pág.135: …é vista como uma aguda manifestação do “eu” individualizado, o eu recolhido a si mesmo e desabrigado, perdido em um mundo avassalador.
Pág.136: …no final, não se mostrou mais imune do que a pintura às dúvidas modernas mais características a respeito de qualquer relação direta com a realidade – a incapacidade de aceitar como algo fora de questão o mundo tal como observado.
Pág.150: …ela registre, diagnostique, informe.
Pág.170: “Uma foto não é apenas uma imagem (como uma pintura é uma imagem), uma interpretação do real; é também um vestígio, algo diretamente decalcado do real, como uma pegada ou uma máscara mortuária.”
Outros livros que eu tenho em japonês:
Walter Benjamin: “Pequena historia da fotografia” e “A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica”.
Roland Barthes: “A Câmara Clara”, “A análise estrutural da história” (uma coletânea com várias obras dele).
Charlotte Cotton: “Fotografia como arte contemporânea”.
Referência:
SONTAG, Susan: On photography (Japanese). Tradução Kojin Kondo. Tokyo: Shobunsha, 1979.
No Brasil foi traduzido pela primeira vez em 1983.
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Kosuke Arakawa é fotógrafo, pós-graduando em Fotografia pela FAAP. Trabalhou como assistente no coletivo Cia de Foto.
No Dobras:
Kosuke fez a trilha sonora do vídeo Mar Bom.
Susan Sontag no Doutorar.