O que é fotografia?
“Quero páginas em branco! Vou criá-las para depois enchê-las de imagens.”
“Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia.
Sou um o quê? Um quase tudo.”
A paixão segundo G.H.:
“Fotografia é o retrato de um concavo, de uma falta, de uma ausência.”
“Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples estado de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.”
“Que ninguém se engane: só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.”
“Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.”
Água Viva:
“O que estou fazendo ao te escrever? Estou tentando fotografar o perfume.”
A hora da estrela:
“A eternidade é o estado das coisas neste momento.”
Perto do coração selvagem:
“Suponho que entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca ou não toca.
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.”
“Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar.”
A perfeição
“O que me tranquiliza é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.”
Trechos extraídos de: Benjamin Moser em Clarice (São Paulo: Cosac Naify, 2009).
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Para conhecer mais: Rose May